28 de março de 2005



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não conheço nem chão nem palavra em particular por mais que me invadam ou se colem em minhas superfícies. diferenças não são brinquedos. as crenças eu já não tenho e os brinquedos viraram coisas.


tenho tido que carregar o acúmulo
do chão em que piso


riso solto porque não há mais nada a ser feito. rio principalmente do que não é engraçado. tiro esse riso bobo – que me enfeia nesse ar de superioridade.


no hospício de sala branca
consegue uma lata de tinta preta.
escreve nos aventais, bem grande:
louco



na verdade, o lugar é sem paredes. a não ser que consideremos estas pessoas como paredes que são. meus defeitos permitiram a permanência, em coisas minhas, de alguns cheiros de porto alegre. caminho cheia de uma simbologia que quase ninguém percebe.


uma contagem regressiva tão lenta
que esqueço o que estava fazendo



nenhum palhaço com um trompete pode não enlouquecer. importante como uma pedra. não te deixo fechar a tampa da lata de lixo onde choram meus meses passados. vou lava-los e pendura-los no quarto.


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