25 de julho de 2006

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e a precisão de nomes próprios para decretar qualquer liberdade, começando pelas frases simples. ou não. precisão é precisão, ou seja, necessidade.
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carlos todos os dias abre a caixinha de correio para saber se ganhou uma bicicleta. não ligo, pode ser pequena, com rodinhas.

alice não sabe dançar. vê as meninas grandes que dançam bem mole e gosta de se imaginar assim. em casa às vezes cria coragem de tentar, no banho, mais do que na frente do espelho. o banho, dizem, aquela água caindo na cabeça, causa um relaxamento que faz algumas pessoas cantarem. alice rebola mas não se sente mole ainda. falta algo que não sabe explicar.

ana vai até a porta no escuro. gira o nada no lugar da chave, que está no criado-mudo. faz meia volta e pára balançando as pernas sem tirar os pés do chão. dois passos na direção desistente do quarto. antes do quarto outra meia volta para a porta de sair de verdade. chega e vira a maçaneta comprida porque neste meio tempo esqueceu que trancou a porta.

pedro queria começar a aceitar os nomes que considera feios. os das coisas e das pessoas. alguns nomes eram proibidos, nomes tabus. feios ou presos demais a algum dono, no caso dos nomes próprios. não chamaria ninguém de michelle ou de peterson. nem também de rafael ou paula. algumas palavras têm muito a ver consigo mesmas. rústico é sofisticado e tosco é tosco.

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6 comentários:

Flávia Santos disse...

adoro..nenem!!!! ;)

Anônimo disse...

muito boa a menina v.

Artur Finizola disse...

do tosco pro fosco
do velho pro moço
rendeiras se vestem de preto e começam a chorar


...
legal isso escrito aí... dias desses vc passou lá em casa, mas não me reconheceu, acho que pelo tempo que não conversamos.

Artur Finizola disse...

lá em minha antiga casa...

cheiracola.blogspot.com
Memórias de Um Cheira Cola

temos nossos msns, mas não conversamos...

vc leu um texto meu e perguntou quem era... acho

Anônimo disse...

muita coisa bonita!!!

Rodrigo disse...

Legais tuas poesias, mas realmente, rústico é sofisticado, e tosco é tosco. As palavras são piores que o silêncio. (Sabia que 'palavra' em chinês se escreve "o crime da boca"?) Abraços.